domingo, 14 de novembro de 2010

Moral e Ética



A confusão que acontece entre as palavras Moral e Ética existem há muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes.

Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava Moral como a “ciência dos costumes”, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório.

Já a palavra Ética, Motta (1984) defini como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social.

A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com Sócrates, pois se exigi maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis.

Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um traidor? Em situações como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são aceitas como obrigatórias, e desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, não sendo, então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um julgamento. E a diferença prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim Ética é uma espécie de legislação do comportamento Moral das pessoas. Mas a função fundamental é a mesma de toda teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade.

A Moral, afinal, não é somente um ato individual, pois as pessoas são, por natureza, seres sociais, assim percebe-se que a Moral também é um empreendimento social. E esses atos morais, quando realizados por livre participação da pessoa, são aceitas, voluntariamente.

Pois assim determina Vasquez (1998) ao citar Moral como um “sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”.

Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. Ambos significam "respeitar e venerar a vida". O homem, com seu livre arbítrio, vai formando seu meio ambiente ou o destruindo, ou ele apóia a natureza e suas criaturas ou ele subjuga tudo que pode dominar, e assim ele mesmo se torna no bem ou no mal deste planeta. Deste modo, Ética e a Moral se formam numa mesma realidade.

Autoria: THIAGO FIRMINO SILVANO - Acadêmico do Curso de Direito da UNISUL

REFERÊNCIA

1 SILVA, José Cândido da; SUNG, Jung Mo. Conversando sobre ética e sociedade. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

2 CAMARGO, Marculino. Fundamentos da ética geral e profissional. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

3 VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 18. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

4 GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução à Ciência do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 1972.

5 VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2004.

6 MOTTA, Nair de Souza. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural, 1984.


Veja também:

Ética, Moral e Direito

Ética da Diversidade

Ética e Ciência

Ética na política brasileira

quinta-feira, 4 de novembro de 2010


"...o homem bom é estimável e desejável para o homem bom. Ora, dir-se-ia que o amor é um sentimento e a amizade é uma disposição de caráter, porque se pode sentir amor mesmo pelas coisas inanimadas, mas o amor mútuo envolve escolha, e a escolha procede de uma disposição de caráter. E os homens desejam bem àqueles a quem amam por eles mesmos, não por efeito de um sentimento, mas de uma disposição de caráter. E finalmente, os que amam um amigo amam o que é bom para eles mesmos; porque o homem bom, ao tornar-se amigo, passa a ser um bem para o seu amigo. Cada qual, portanto, ao mesmo tempo em que ama o que é bom para ele, retribui com benevolência e aprazibilidade em igualdade de termos; porque se diz que amizade é igualdade, e ambas são encontradas mais comumente na amizade dos bons."
(Ética a Nicômaco - Livros VIII e IX - Aristóteles)

domingo, 29 de agosto de 2010

Vale a pena conhecer esse site

http://www.cidaderefugio.com.br

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O amor, por C. S. Lewis


    Amar é sempre ser vulnerável. Ame qualquer coisa e certamente seu coração vai doer e talvez se partir.
    Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto , você não deve entregá-lo á ninguém, nem mesmo a um animal.
    Envolva o cuidadosamente em seus hobbies e pequenos luxos, evite qualquer envolvimento, guarde-o na segurança do esquife de seu egoísmo.
    Mas nesse esquife – seguro , sem movimento , sem ar - ele vai mudar.
    Ele não vai se partir – vai tornar-se indestrutível, impenetrável, irredimível.
    A alternativa a uma tragédia ou pelo menos ao risco de uma tragédia é a condenação.
    C.S.Lewis

domingo, 1 de agosto de 2010

UMA CRÔNICA SOBRE MAIOR DE TODOS OS DONS: O AMOR

"O Cachorrinho e a Viúva"


A menina jazia na cama, incomunicável, murmurando grunhidos, uma febre que não passava.
Sua mãe não sabia que atitude tomar, já havia recorrido a todas as portas.

Corria o ano 31 AD, a região de Tiro e Sidom era castigada pela seca, o povo fenício, antes exaltado
por sua avançada ciência e pela reconhecido mérito dos avanços na escrita, jazia agora mergulhado
na inércia cultural, gerada pela idolatria dominante e por governos corruptos.

A mãe ainda recorda os últimos dias em que sua filhinha ainda se portava
como uma criança normal, que não se cansava de correr e brincar com aquele animalzinho intruso
Viúva já a alguns anos, se esforçava por pelo menos alimentar e vestir sua única filha, ma já não
era capaz de expressar seu amor, em pequenos gestos , em ouvir e escutar.

Não foi capaz de perceber que aquele cachorrinho era uma fuga, uma medicina que uma criança
encontrava pra tanta falta de atenção. Pro olhar sempre duro e reprovador da mãe, amargada pela
falta de esperança e pelo fanatismo de tentar servir e agradar a religião, a seus ídolos de pedra e barro
que ironicamente, não tinham e nem poderiam "ter coração".

Sim, naquele dia fatídico, ela viu tudo mudar, mais uma vez, foi rude,
abrupta, e "estourou" com a criança, aos gritos, lhe chamou de invalida, imprestável, e disse
que sumisse com aquele cachorro: ...." Como podes?! "
não temos o que comer e trazes um cão para dentro de casa?? Suma,
desapareça com esse animal!!..."

A criança aos prantos dizia. “mamãe, não necessitas dar a ele de comer, eu tiro de minha comida..."

...."Louca!!!! não e' justo tirar de um filho e der de comer a um cachorro !!!! ..."

A criança aos prantos, soluçou... "mas ele pode comer das migalhas que caem
de nossa mesa.."

..."Chega!!! Não fales mais, suma com esse lixo... Fora daqui com ele!!! "

A pobre criança levou seu cachorrinho e soluçando o amarrou a uma arvore na floresta, voltou para casa e
desde então a estranha febre a acometeu, e parecia estar agora, sempre prostrada, num outro mundo,
incomunicável.

A mãe desesperada, recorreu aos ídolos, buscou seus sacerdotes, a palavra foi de morte:
...." a menina tem um espírito maligno, esta e' a vontade de Baal, ela
morrera'..."

Sentada `a porta, naquela manhã de domingo, o sol já nascera e a pobre viúva abatida não se dava
conta , a imensa tristeza lhe impedia até mesmo de diferenciar o dia e a noite.

Um velho vizinho se aproximou, trazia alguns pães e um pouco de azeite: ..."amiga, amiga, somente um milagre
poderia lhe ajudar, ah se nossos ídolos realmente funcionassem, realmente fizesse algo por nosso povo.."
dizem que ha' um homem de Israel por aqui nesses dias e que os deuses operam milagres por meio dele, mas
você sabe , e' um outro povo e cada povo tem o mestre que merece.

Aquela mulher subitamente elevou sua fronte, tudo o que ela ouviu foi a palavra "milagres". Algo passou a
lhe impulsionar no espírito, ela precisava de algo mais, buscar o "invisitado".

Pediu ao amigo e sua esposa que cuidassem da filhinha, partiu caminhando , as pernas cansadas e vitimas
da idade tentavam desistir mas seu espírito estava decidido, ela tinha de tinha de encontrar o Fazedor de milagres.


A tarde já findava quando finalmente se aproximou da casa onde Ele estava ,
as indicações e informações respondidas todas diziam que ali estava Ele naquele dia.

Dois homens conversavam na porta, a velha mulher se aproximou : ... " senhores, por favor , lhes imploro,
necessito ver o Mestre dos milagres, disseram que se encontra nessa casa"...

Os dois homens ficaram pensativos.. aquela mulher parecia realmente desesperada... mas e esse sotaque estranho?
com certeza ela não era da nação de Israel, o mais velho respondeu:

"Senhora, somos discípulos do mestre a quem procuras, seu nome é Jesus Cristo, e mais do que um Mestre, Ele
é um messias, mas.. aham... Um messias para o povo de Israel. "

A velha viúva sentiu o teor daquelas palavras, mas não importava, mais forte era seu desejo, era conhecer o tal
Mestre de amor, que jamais havia negado sua ajuda e a ninguém havia lançado fora.

"Por favor, eu suplico, tenho um caso de vida ou morte, necessito ver o Mestre..."

O mais velho já se propunha a fazê-la desistir e acompanhá-la até a saída da vila, mas o mais jovem discípulo já
estava decidido, levaria a senhora até o Mestre. Num "atrevimento" santo típico dos jovens, decidiu que não
havia mal algum em levar aquela senhora até Ele.

Ela se aproximou, oprimida, mais pelo peso da dor que pelo peso do cansaço:

".. Mestre, suplico-lhe, minha filha tem um demônio, e jaz inconsciente numa cama..."

Jesus a mirou com um olhar terno, porem firme, alguns breves segundos se passaram, o silencio desafiava os
discípulos ali presentes a adivinhar qual seria a reação do Mestre:

Com serenidade e firmeza, o Mestre lhe respondeu:

...."não é justo tirar o pão dos filhinhos e dar aos cachorrinhos.."

Aquela frase foi como um raio , caindo fulminante em seu coração, a mulher finalmente caia em si, todo
o sofrimento, toda a dor provocados pela pura e simples falta de amor.

Numa reação rápida e urgente, a mulher retrucou:

".... Mas os cachorrinhos podem comer das migalhas que caem da mesa dos filhos... "


Jesus a mirou com amor, um quase imperceptível sorriso nos lábios:

“ Oh mulher, grande e' sua fé, vá, a sua filha está curada.."

Quantas vezes nos esquecemos que mais que cumprir rituais, mais que
obedecer leis e dogmas, o que mais anseia Deus é ver em nos o dom
do amor? . Não foi Ele quem disse:..." nisso reconhecerão que vocês são
meus discípulos, se vocês amarem uns aos outros".?


De nada adianta ter a fé de um profeta ou patriarca ,de nada adianta
realizar milagres, mas ao mesmo tempo tratar mal as pessoas, humilhar "servos alheios" , pisar em
seu semelhante, colocar a "obra" acima do ser humano ao ponto de quase que se oficializar que
"sentimentos" é algo para os fracos, ou algo maligno.

Ainda bem que está escrito que Jesus chorou, que sentiu compaixão tantas vezes,
que se alegrou e exultou e que até mesmo a um jovem rico , que preferiu todas
as suas riquezas ao invés de segui-lo, Ele "amou profundamente".

A Fé é eficaz quando usada sem sentimentos, como uma ferramenta, isso é comprovado
por fatos e inúmeros testemunhos de hoje e do passado. Mas no dia a dia, no relacionar-se com as pessoas,
o Amor, o cuidado, o carinho e afeição , SENTIMENTOS tem de ser cultivados.

A viúva sirio-fenicia , como muitos de nos' nos dias de hoje, tinha o dom da Fé, fez uso de sua Fé, tirou forcas dela para
passar barreiras, obstáculos e até mesmo decepções e ofensas por parte
daqueles que seguiam a Jesus, em busca de seu milagre , em busca do Mestre Jesus .

Mas faltava a ela o principal, a força maior que traz a felicidade e realização de pessoas, famílias e igrejas.
faltava o dom maior, o Amor


Mãe e filha agora começavam de novo, uma nova caminhada de amor e uma nova fé.
prosperidade, bênçãos, três seres debaixo da sombra de um Deus de amor.
Três?

Ah.. Esqueci de dizer, o cachorrinho misteriosamente esperava a velha viúva na porta quando ela regressou.

Ray Evangelista

sábado, 31 de julho de 2010

Bless the Broken Road-Rascal Flatts

sexta-feira, 30 de julho de 2010